sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Um guerreiro chamado Brizola
Se vivo fosse, Brizola completaria hoje 88 anos. O jovem, nascido em Carazinho, RS, entrou na vida pública pelas mãos de Getúlio Vargas e fez história como um dos homens públicos mais importantes de sua geração. Foi o único brasileiro, até hoje, em toda a nossa história, a ter a confiança e o respeito do povo para Governar dois Estados, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Por onde passou, Brizola deixou sua marca. Em seus governos estabeleceu marcos históricos em termos de educação, tanto no sul quanto no Rio de janeiro, e até hoje é impossivel andar por terras fluminenses sem se deparar com o legado de Leonel Brizola.
Os Cieps, a Linha vermelha, o Sambódromo e as casas populares são, sem dúvidas, ícones brizolistas, mas acima de tudo, Brizola foi o grande responsável por uma concepção política que inseriu o cidadão comum, o povo, no contexto de prioridades políticas dos Governantes.
Até sua primeira eleição no Rio de Janeiro, em 1982, uma vitória histórica - inclusive contra a poderosa Rede Globo, que havia montado a fábrica de fraudes do Proconsult - Baixada, Zona Oeste e interior do Estado eram áreas esquecidas, abandonadas pelo poder público. Brizola deu voz e vez às populações dessas regiões e desviou o eixo de investimentos do Governo estadual, eternamente focado na Zona sul da antiga Guanabara, estabelecendo novas regras de cidadania e participação política. Fez no Rio de janeiro o que seu líder, Getúlio Vargas, fez no Brasil. Trouxe o povo para participar do poder, redimensinando a forma de se fazer política.
Brizola foi o primeiro Governante pós ditadura a proibir a polícia de invadir a casa dos pobres e espancar as pessoas nas favelas e áreas carentes do Rio, graças à isso foi acusado de conivência com a bandidagem. Na concepção obtusa do poder de então - que ainda resiste em alguns aspectos - a pobreza era diretamente relacionada com a bandidagem, sendo assim, as elites que defendiam perseguições e espancamentos sumários inspirados na condição social, consideravam absurda a orientação do Brizola.
Para se ter uma idéia de sua liderança junto ao povo do Rio de janeiro, de 1982 até 2006, dois anos depois de sua morte, pouquíssimos foram os Governantes cariocas e Fluminenses à não passarem por seu gupamento político.
O papel de Brizola na reconstrução do Brasil depois da ditadura foi fundamental para nosso desenvolvimento, e se suas obras, principalmente os Cieps, não tivessem sido destruídos por outros governantes, certamente não viveríamos a situação de violência urbana que vivemos hoje.
Da lembrança que nos traz hoje seu aniversário, a melhor parte é sabermos que Brizola deixou seguidores. Ele se foi, mas por aqui ficaram seus amigos, seus alunos e seus colaboradores.
Nas próximas eleições, por exemplo, em outubro de 2010, dois de seus mais próximos colaboradores estarão participando diretamente do pleito no Rio de Janeiro. Cesar Maia, disputando o Senado, e Anthony Garotinho, seu herdeiro natural, disputando o Governo do Estado.
Mais do que detectar a influencia do antigo líder e constatar o acerto da concepção de políticas populares, esse fato comprova o quão temerário pode ser um governo descompromissado com seu povo, como é o atual Governo do Estado.
Mas do que nunca é necessário não apenas lembrar, mas acima de tudo, evocar, reivindicar e restabelecer a concepção política de Leonel Brizola. Uma concepção em que o povo é o senhor do seu próprio destino e principal prioridade do governante.
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