sexta-feira, 5 de março de 2010

Prostituição jornalística

Nada mais previsível que a perseguição implacável do sistema Globo ao Governador Garotinho. A Globo odeia líderes populares porque estes não acatam sua tutela para governar. Foi assim com Getúlio Vargas, João Goulart, Brizola etc. Mas o que está por trás, realmente, desta última agressão, é a grave situação de um de seus estafetas atuais, o desgovernador Sérgio Cabral, prestes a ser defenestrado do poder.

A Globo sabe que um escândalo de proporções apocalípticas está próximo de vir à público no Rio de Janeiro e sabe que não restará pedra sobre pedra. Sabe também que Cabral, o pior governante fluminense em todos os tempos, não tem a menor chance de se manter no poder caso aja outro candidato na disputa por sua sucessão, qualquer que seja o candidato.

Diante do caos iminente e sem perspectivas de manutenção do poder no RJ, a Globo decidiu aliar-se à elementos que - por sua atuação inclinada à vassalagem - desmoralizam a instituição do Ministério Público, para, em conluio com o próprio governador atual, politicamente agonizante, atacar o único ex Governador brasileiro que após deixar o cargo voltou a exercer a sua profissão, normalmente, para garantir o sustento de sua família.

A Globo tem uma larga experiência em processos corruptivos, desde a sua formação, amparada por uma procuração cuja assinatura está até hoje sob suspeita de ser falsificada, passando pelo fortalecimento e enriquecimento graças aos favores de uma sangrenta ditadura militar, até os dias de hoje, detendo o monopólio das paixões populares, como o carnaval e o futebol, graças ao seu poder de “persuasão” e a sua aliança inconteste com os elementos que compõem o submundo destas atividades.

Exatamente por ter o conhecimento prévio de que Garotinho não praticou nenhum dos crimes de que é acusado, resta a Globo agir como os velhos punguistas da Central do Brasil, que roubavam a carteira de um transeunte e saiam gritando “ pega ladrão, pega ladrão”, como forma de afastar de si próprio as suspeitas e o foco das atenções.

A Globo, na verdade, prostitui seu departamento de jornalismo à esse nível porque sabe que, embora goze de muito poder e dinheiro, jamais poderá exercer o monopólio da poder político no Estado do Rio de Janeiro, pois, como dizia Brizola, vive aqui um povo lúcido, que não se deixa enganar por maquinações de gabinetes ou manipulações midiáticas.

O povo do Rio de janeiro conhece muito bem Anthony e Rosinha Garotinho, e não tem dúvidas sobre seus propósitos.

O Povo sabe que, mais uma vez, Garotinho provará sua inocência, e, muito provavelmente, a Globo será condenada a pagar mais indenizações por danos morais, o que a desmoraliza enquanto empresa jornalística mesmo que o custo benefício valha à pena financeiramente, pois cada real que ela perde na justiça, Cabral lhe recompensa muitas vezes mais em “verbas publicitárias”.

Não é sem razão, portanto, que, desde os anos 80, um coro sincero e honesto é ouvido periodicamente nas ruas do Rio de janeiro, seja na Zona sul, na Baixada ou no interior de nosso Estado. Nos referimos àquele coro que canta assim:“ O povo não é bobo, abaixo a rede Globo”.

Vicente Portella

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Um guerreiro chamado Brizola


Se vivo fosse, Brizola completaria hoje 88 anos. O jovem, nascido em Carazinho, RS, entrou na vida pública pelas mãos de Getúlio Vargas e fez história como um dos homens públicos mais importantes de sua geração. Foi o único brasileiro, até hoje, em toda a nossa história, a ter a confiança e o respeito do povo para Governar dois Estados, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Por onde passou, Brizola deixou sua marca. Em seus governos estabeleceu marcos históricos em termos de educação, tanto no sul quanto no Rio de janeiro, e até hoje é impossivel andar por terras fluminenses sem se deparar com o legado de Leonel Brizola.
Os Cieps, a Linha vermelha, o Sambódromo e as casas populares são, sem dúvidas, ícones brizolistas, mas acima de tudo, Brizola foi o grande responsável por uma concepção política que inseriu o cidadão comum, o povo, no contexto de prioridades políticas dos Governantes.
Até sua primeira eleição no Rio de Janeiro, em 1982, uma vitória histórica - inclusive contra a poderosa Rede Globo, que havia montado a fábrica de fraudes do Proconsult - Baixada, Zona Oeste e interior do Estado eram áreas esquecidas, abandonadas pelo poder público. Brizola deu voz e vez às populações dessas regiões e desviou o eixo de investimentos do Governo estadual, eternamente focado na Zona sul da antiga Guanabara, estabelecendo novas regras de cidadania e participação política. Fez no Rio de janeiro o que seu líder, Getúlio Vargas, fez no Brasil. Trouxe o povo para participar do poder, redimensinando a forma de se fazer política.
Brizola foi o primeiro Governante pós ditadura a proibir a polícia de invadir a casa dos pobres e espancar as pessoas nas favelas e áreas carentes do Rio, graças à isso foi acusado de conivência com a bandidagem. Na concepção obtusa do poder de então - que ainda resiste em alguns aspectos - a pobreza era diretamente relacionada com a bandidagem, sendo assim, as elites que defendiam perseguições e espancamentos sumários inspirados na condição social, consideravam absurda a orientação do Brizola.
Para se ter uma idéia de sua liderança junto ao povo do Rio de janeiro, de 1982 até 2006, dois anos depois de sua morte, pouquíssimos foram os Governantes cariocas e Fluminenses à não passarem por seu gupamento político.
O papel de Brizola na reconstrução do Brasil depois da ditadura foi fundamental para nosso desenvolvimento, e se suas obras, principalmente os Cieps, não tivessem sido destruídos por outros governantes, certamente não viveríamos a situação de violência urbana que vivemos hoje.
Da lembrança que nos traz hoje seu aniversário, a melhor parte é sabermos que Brizola deixou seguidores. Ele se foi, mas por aqui ficaram seus amigos, seus alunos e seus colaboradores.
Nas próximas eleições, por exemplo, em outubro de 2010, dois de seus mais próximos colaboradores estarão participando diretamente do pleito no Rio de Janeiro. Cesar Maia, disputando o Senado, e Anthony Garotinho, seu herdeiro natural, disputando o Governo do Estado.
Mais do que detectar a influencia do antigo líder e constatar o acerto da concepção de políticas populares, esse fato comprova o quão temerário pode ser um governo descompromissado com seu povo, como é o atual Governo do Estado.
Mas do que nunca é necessário não apenas lembrar, mas acima de tudo, evocar, reivindicar e restabelecer a concepção política de Leonel Brizola. Uma concepção em que o povo é o senhor do seu próprio destino e principal prioridade do governante.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O Estado do caos

Pelo menos até o dia 31 de dezembro de 2010 deveriam mudar o nome do Estado do Rio de Janeiro para Estado do caos. O que vivemos atualmente é isso: um Estado Caótico.

Sérgio Cabral é Governador, pelo menos em tese, mas age como se não tivesse nada com isso. Há certos momentos, inclusive, que mais parece o líder de oposição.
Nos poucos momentos que se dedica ao Ri, o o Governador usa seu tempo para agredir servidores e população. Parece coisa de maluco.
Médicos, policiais, servidores públicos em geral e até os usuários do péssimo serviços de trens urbanos , para o Governador, sãovagabundos. Surrealismo puro.
Qualquer pessoa de bem que analisar o comportamento de Cabral perceberá que não há um só problema do Estado para o qual ele tenha proposto solução. No máximo, Cabralzinho propõe agressão.
Na área de segurança pública, principal drama Fluminense, além de nomear alguém com o discernimento de um dromedário para dirigir a pasta, Sérgio investiu apenas 20% do previsto no orçamento e além disso dizimou toda a estrutura de amparo social do Estado, deixando o Rio como um imenso navio à deriva. Sem rumo e sem objetivos.
Paralelamente instituiu-se no poder local uma concepção mercadológica para tudo. Até terrenos pertencentes ao Estado e à empresas públicas estão sendo oferecidos, aos borbotões, à especulação imobiliária.
Em termos de saúde o Governo Sérgio é uma lástima, à ponto de populares botarem o dedo na cara do Governador, em suas raras aparições públicas, cobrando um mínimo de dignidade na prestação dos serviços pagos por nossos impostos.
Na educação, a rede pública estadual foi transformada em escolas de Funk, com direito, inclusive à reboladinhas públicas do Governador em bailes locais.
Na verdade vivemos uma situação em que tudo, absolutamente tudo, na esfera estadual, apodrece a olhos vistos e a autoridade governamental adentra cada vez mais o terreno da galhofa.
Sérgio tem drenado, com dutos industriais, boa parte do orçamento público para a publicidade na esperança de que a mídia o salve, garantindo-lhe uma blindagem poderosa. Mas a população já percebe isso claremente.
Os jornais do Rio, por exemplo, sócios vorazes do Governo Cabral, precisam apelar para todos os santos para fazer com que seus exemplares saiam das bancas para as mãos do cidadão comum. E tome concursos, ofertas, prêmios de mentirinha, tudo é válido para escapar ao fiasco e a decadência das vendagens.
Nossa sorte é que a internet vai de vento em popa e, ao mesmo tempo em que milhares de blogueiros expõem a tragédia personificada pelo Governo Cabral, a mídia oficial vai se desconstituindoo em termos de respeito e credibilidade.
Ainda bem que falta pouco. Em janeiro de 2011, tenho certeza, Sérgio já terá sido expulso de campo pela população e poderemos novamente construir o Estado do Rio de Janeiro, revogando o Estado do caos.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A hipocrisia está no ar

Estava assistindo a cobertura da ação criminosa no Rio de janeiro pela GloboNews e cheguei a ficar assustado. A hipocrisia e a capacidade de manipulação dessa gente é algo sem limites.

Antes de qualquer coisa vou fazer um histórico, pois históricos não mentem:

No início da década de 80, quanto nossas capitais viviam em relativa paz, o Jornal Nacional, da Globo, dava a cotação das drogas todos os dias. Não havia ainda o “problema” do tráfico, mas era só ligar a TV às 8 da noite para ouvir Cid Moreira dizendo que haviam sido apreendidos tantos quilos de cocaína em algum lugar que ninguém sabia onde era no valor de X dólares. Bastava fazer as contas para se ter a cotação do dia.

Paralelamente fomos inundados por filmes americanos que faziam apologia da violência da forma mais grotesca possível. O herói preferido da Globo era Charles Bronson no papel de um psicopata carniceiro que promovia todo tipo de violência e agressividade possível, mas haviam muitos outros filmes propagando a carnificina urbana. Centenas deles.

Foi nessa época também que a Globo nos brindou com uma minissérie chamada “Bandidos da falange”, estabelecendo os critérios para as organizações criminosas no Rio de janeiro e, poeteriormente, no Brasil.

Depois de criar na mídia o clima propício a super violência ancorada pelo tráfico de drogas, curiosamente, a coisa começou a acontecer no mundo real.

As pessoas mais sensatas já diziam, naquele tempo, que havia algo no ar além dos aviões de carreira. Não havia no Rio grandes produções nem de drogas, nem de armas. Como poderia haver tanta violência sem uma coordenação profissional e minuciosamente trabalhada?

O enfoque da mídia, no entanto, preferia regionalizar a discussão e procurar culpados nos Governos que não lhe eram subservientes, fazendo de Leonel Brizola, por exemplo, uma de suas principais vítimas.

O fato é que em cerca de 20 e poucos anos nossas capitais foram transformadas em verdadeiro território livre para a milionária indústria do tráfico de drogas e a imprensa, minimizando a questão, apontava sempre um ou outro gerente de boca rastaquera como o “inimigo nº 1”da sociedade, ignorando a lógica de que as fortunas geradas pelo tráfico se edificam muito longe da favela. De escadinha a Fernandinho Beira mar, muitos demônios foram inventados nesse período sem que a indústria da droga fosse sequer abalada. Todas as pessoas sensatas de então afirmavam categoricamente que só seria possível combater o tráfico policiando as fronteiras, porta de entrada de armas e drogas. Mas a imprensa, liderada pela Globo, sempre fez questão de ignorar essa lógica irrefutável.

Quando, já em 2000 e pouco, a Secretária de segurança pública, então comandada por Garotinho, resolveu fazer uma espécie de operação abafa na entrada dos pontos de droga, como forma de inibir as vendas e causar prejuízos financeiros ao tráfico, a Globo, como sempre, foi contra e demonizou o ex Governador.

Na verdade, durante todos esses anos a Globo insistia em cobrar das polícias estaduais o combate a um crime que é constitucionalmente federal, o tráfico de drogas.

Agora, no entanto, tendo um aliado seu sentado no Palácio Guanabara – Uma imagem de retórica, pois o Governador se dedica muito mais a Paris do que a seu assento no Palácio – a cobertura da Globo resolveu, deliberadamente, apagar toda a responsabilidade do Governador sobre os conflitos. Hipocrisia pura.

De repente o crime passou a ser atribuição Federal e os Governantes locais se tornaram “vítimas” do processo. Na concepção da Globo a cidade e o Estado vivem as mil maravilhas e o tráfico de drogas é apenas um “fato isolado” como disse hoje na GloboNews um jornalista cozinheiro cujo o nome me escapa.

O tráfico de drogas é , inequivocadamente, o grande mal da sociedade moderna e assola todas as grandes cidades do Brasil, apesar de ter feito muitos milionária nos últimos anos, e para combate-lo é preciso seriedade. Certamente não é com a política de segurança marqueteira do nosso (des)Governador viajante que o problema será minimizado.

A globo, antes de mais nada, deveria fazer uma auto crítica. Quem implanta e propaga um negócio extremamente rendoso, embora nocivo, perde qualquer moral para combate-lo, mesmo que este combate seja só de fachada. O que vemos na verdade é a hipocrisia e a má fé sendo propagada em cadeia nacional com o intuito de manipular as pessoas de bem. Antes de qualquer coisa, isso é uma covardia.

Vicente Portella

sábado, 17 de outubro de 2009

Política com P maiúsculo

Garotinho deu uma aula, no meio desta semana, de como se faz política com "P" maiúsculo. Em reunião de 2 horas com o Presidente do PT, Ricardo Benzoini, os dois líderes apararam todas as arestas.
Nunca é demais lembrar todos os atropelos praticados pelo Governo Federal que acabaram gerando um clima insustentável entre Garotinho e Lula, levando então ao rompimento político.
Em 2002, candidato a Presidente da República, Garotinho obteve mais de 15 milhões de votos, sendo que, no Rio de Janeiro, Estado que Governou e onde alcançou 90% de aprovação, sua votação foi maior do que a do Presidente eleito.
No segundo turno Garotinho foi para a TV e para os palanques pedir votos para Lula e no final das contas, com o apoio de Garotinho no RJ, o Presidente foi eleito com mais de 80% dos votos do Estado. Além de dar essa votação histórica a Lula, Garotinho elegeu Rosinha, sua mulher, ainda no primeiro turno, como Governadora do Rio de Janeiro.
Ao invés de ser tratado como aliado, no entanto, logo após à posse de Lula, Garotinho foi duramente perseguido pelo Governo Federal, que fez de tudo para inviabilizar o Governo de Rosinha.
O Estado do Rio era Governado no fim de 2002 por Benedita da Silva, vice de Garotinho e quadro histórico do PT, que deixou os Estado em petição de miséria, repassando para Rosinha praticamente uma massa falida. Entre outras coisas haviam dívidas com a união não honradas em 9 meses de mandato pela Governadora Petista, dívidas estas que seriam herdadas por Rosinha.
Ocorre que no período entre a vitória de Lula e a posse dos eleitos, Garotinho, convidado a participar do Governo Lula, declinou do convite para ser Ministro dos transportes. Segundo o próprio ex Governador, optou por contar como apoio do Governo federal para para que Rosinha, viesse a fazer o Governo que os Cariocas e Fluminenses almejavam.
Eis que de repente, não mais que de repente, o "Grão Vizir" José Dirceu, que na época se achava mais importante do que o próprio Presidente da República, fez uma leitura muito particular e completamente distorcida do processo político que se desenhava e mandou seus asseclas e cambonos boicotarem ao máximo o Governo de Rosinha Garotinho.
De fato, já no primeiro dia de Governo, Rosinha teve todos o dinheiro do Estado confiscado, bloqueado pelo Governo Federal por conta de dívidas que Benedita da Silva havia deixado de pagar. Nem mesmo o décimo terceiro dos funcionários do Estado foi pago pela ex- governadora Benedita. Na cabeça de José Dirceu o sucesso de Rosinha poderia significar uma ameaça futura a Lula, que acabava de tomar posse.
Apesar de tudo pode-se dizer tranquilamente que Rosinha fez um Governo heróico, digno dos grandes Estadistas, pois conseguiu superar todas as adversidades impostas pelo boicote e ainda no primeiro ano de Governo pôs as contas praticamente em dia, mas as condições políticas de relacionamento entre os Garotinhos e o Governo federal estavam definitivamente azedadas.
Na prática, Zé Dirceu havia tratado um companheiro histórico de lutas políticas como o pior dos inimigos - O primeiro partido de Garotinho foi o PT, legenda pela qual ja tinha sido o candidato a Vereador mais votado de Campos na década de 80, não tendo sido eleito por que o PT nã fez legenda.
O tempo, no entanto, como se diz popularmente, é o senhor da razão. Hoje, cassado por corrupção e sem o poder de boicotar aliados do Presidente como fazia antes, Zé Dirceu não pode mais impedir o avanço natural das alianças políticas entre líderes progressistas, e Garotinho, mesmo estando a sete anos fora do poder, ainda representa no Rio de janeiro o que há de mais avançado em termos de atuação política e social, sendo a maior liderança do Estado.
Garotinho e Lula, através da candidatura de Dilma, estarão novamente no mesmo palanque, trabalhando pelo desenvolvimento do Rio de janeiro e seu povo.
Só os grandes Estadistas são capazes de superar todas as diferenças em nome de um bem maior: O interesse popular.
Garotinho certamente está entre os grandes líderes do cenário político brasileiro. Seus gestos provam isso. Garotinho faz política com "P" maiúsculo.

Vicente Portella

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Porque Garotinho?



Estava conversando dia desses com um amigo sobre o cenário político brasileiro. Esse amigo militou comigo no velho PCBão e continua convicto até hoje, coerentemente, na defesa do ideário de Marx e Engel. Ele explicou que o processo político e as vicissitudes o levaram a militar no PSOL e quis saber o porquê da minha opção por Garotinho. Eu, claro, expliquei.

Todas as teses socialistas e de esquerda em geral foram devoradas por nós nas décadas de 60, 70 e 80 – no meu caso específico na década de 80 – e todas, posso garantir, são profundamente avançadas no que diz respeito à organização de uma sociedade mais fraterna e justa. Ocorre, no entanto, que praticamente nenhuma delas foi posta em prática, e, onde houve tentativas de aplicá-las, o fracasso foi inevitável.

Isso se da por vários motivos, mas o principal deles é a própria incapacidade humana, no nosso atual processo evolutivo, de acatar imposições ou fórmulas mágicas advindas de seres iluminados.

Na verdade o próprio Marx já previa que para que o socialismo fosse implantado seria necessário modificar a mentalidade do homem.

Não quero dizer com isso que o ser humano seja atrasado, muito pelo contrário. Creio que a humanidade precisa viver cada degrau de sua evolução de forma plena e ilimitada, mas para que isso ocorra é necessário compreender o espaço e o tempo em que estamos inseridos e buscar as soluções compatíveis para o momento.

Vários pensadores modernos questionam se a aplicação da teoria marxista em um País agrário, como era a Rússia da época, não teria sido prejudicial para o desenvolvimento do próprio socialismo. Eu, particularmente, avalio que o fracasso se deu por ter sido uma coisa imposta de cima para baixo. A revolução instituiu regras que deveriam ser cumpridas por todos, independente da aceitação e até mesmo da compreensão de cada um.

Posteriormente, na medida em que outras propostas socilizantes iam sendo testadas em outros países, a concepção ditatorial tornou-se mais importante e adquiriu um peso maior, na maioria dos casos, do que a própria concepção social inicialmente proposta por estas teses. Na prática houve a corrupção da ideologia, mesmo que isto não tenha ocorrido por ma fé, em função das dificuldades encontradas de “socializar” as idéias e fazer com que as pessoas às incorporassem.

O conceito socialista, portanto, continua plenamente válido, desde que seus condutores tenham a compreensão de que é preciso antes de qualquer coisa convencer a sociedade e o povo de que esta é a maneira mais correta de ordenamento social. Além disso, seria fundamental para qualquer desenvolvimento de um projeto socialista que as chamadas “esquerdas intelectualizadas” abrissem mão de sua prática secular de tentar pensar pelo povo e pretender tutelar a sociedade.

Na prática, nós, no Brasil e em vários outros países, vivemos uma realidade geral mais próxima da idade média do que da idade contemporânea. A maior parte do território nacional vive em condições precária de vida, sem os benefícios básicos da modernidade. No Rio de janeiro, por exemplo, as realidades da Barra da Tijuca e a da baixada Fluminense são tão díspares que caberiam muitos oceanos entre elas. Não há em nossas plagas nenhuma possibilidade concreta e imediata de universalização de serviços básicos, como saúde, habitação, educação ou cultura. Principalmente, sob o ponto de vista aqui abordado, em relação à Educação e Cultura.

Nada é mais óbvio do que a capacidade de formular e executar coletivamente para que uma sociedade se desenvolva, mas aos nossos povos até mesmo isso é negado. Exatamente por isso torna-se impossível a adoção pura e simples de conceitos acadêmicos considerados de ponta. A maioria de nossa sociedade vive ainda uma realidade pré moderna, e nosso povo, socialmente falando, está em um estágio anterior a isso.

Por outro lado, temos um povo infinitamente criativo e, porque não dizer, de inteligência privilegiada. Mesmo sem os benefícios da escolaridade, algo absolutamente necessário em qualquer sociedade, nossa população consegue formular e executar individualmente as soluções necessárias para os seus problemas do dia a dia. O cidadão comum, o trabalhador, a dona de casa, essas pessoas que compõem o povo brasileiro, sobrevivem em condições que seriam fatais a qualquer cidadão de primeiro mundo acostumado às facilidades oferecidas pela vida moderna em sociedades mais evoluídas.

Temos, portanto, características peculiares. E exatamente por isso creio profundamente nas soluções que passam pelo crivo do conjunto da população. Ao contrário do que se pensa só a contribuição direta do povo é capaz de conduzir nosso país a sua evolução.

Aliás, é bom que se diga, em seus primeiros 400 anos, praticamente, o Brasil foi governado sem povo. Só as elites tinham acesso ao poder e o direito ao voto era restrito aos senhores de terra. Até a ascensão de Getúlio Vargas, inclusive, nem a mulher tinha direito ao voto. Só depois da revolução de 30, liderada por Getúlio, foi instituído o direito ao voto universal e deram-se os primeiros passos em prol da organização dos trabalhadores.

Com base em tudo isso, desenvolvi meu conceito pessoal de que só a participação genuinamente popular pode colocar o Brasil no rumo necessário, e para tanto precisamos de líderes populares. Tenho a convicção que não nos basta uma organização unicamente composta por quadros políticos, há que haver também o povo, e para isso há que haver lideranças.

No decorrer de nossa história construímos o que há de melhor no Brasil assim, com lideranças populares. A própria resistência a ditadura só foi possível graças a atuação de lideranças populares. De um modo geral é possível afirmar que sem essas lideranças só o que resta é o elitismo, manipulando os fatos e conduzindo o Estado para a perpetuação de seus interesses particulares, quando na verdade é o povo e não as elites quem precisa da ação do Estado.

Por tudo isso, assim como muitos optaram por Getúlio no passado e eu próprio optei por Brizola à seu tempo, opto hoje pelo fortalecimento político e pela liderança de Anthony Garotinho.

Tenho a certeza plena de que no final das contas o povo será o principal responsável pela definitiva consolidação da nação brasileira.

E assim teremos uma cidadania de fato, baseada no respeito e na participação popular e não apenas na aquisição de bens de consumo.

Vicente Portella

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O PR como fato novo no cenário político Fluminense

Assistimos nos últimos anos, de um modo geral, ao nascimento e morte de um sem número de legendas partidárias. Todas criadas com o objetivo claro de servir como moeda de barganha para alcançar o poder em um ou outro momento eleitoral específico.
A falta de critérios era algo tão gritante que na maioria das vezes a população, e até mesmo o universo da militância social, pessoas consideravelmente mais integradas ao processo político, nem tomavam conhecimento dos partidos “inventados” a cada momento.
O último período em que se experimentou a criação de novos partidos de forma séria, com começo, meio e fim, amparados em doutrinas políticas reais - independente da coloração ideológica de cada um deles - foi no momento agonizante da ditadura militar, na virada dos anos 70 para 80.
Naquela época foram criados o PDT, o PT, o PTB, o PFL e até mesmo o velho MDB se transformou em PMDB. Depois deste período apenas o PSDB se constituiu como partido doutrinário – em meados dos anos 80 - com base na social democracia europeia e, mesmo que tenha posteriormente optado pelo neoliberalismo, foi a última legenda montada sobre sólidas bases políticas. Até agora.
Ontem, 14/09/09, o Presidente regional do PR, Anthony Garotinho, lançou as bases de uma doutrina política para seu partido, algo raro nos últimos tempos.
Com a coordenação do professor Fernando Peregrino, pensador altamente qualificado nos meios político e acadêmico do Rio de Janeiro, foram apresentadas as linhas gerais do MRP – Movimento Republicano Popular – que tem o PR como o principal instrumento de execução de seus conceitos e tem como foco o fortalecimento de uma concepção política nacional com destaque no desenvolvimento econômico, no conceito de empresa nacional, na educação, na saúde, na cultura etc. O PR anunciou, ao mesmo tempo, a criação do IR – Instituto republicano – órgão responsável pela formulação de políticas públicas e sociais a serem defendidas e executadas pelo partido.
Pode-se dizer que o meio político brasileiro já havia se desacostumado de ações tão sérias quanto estas devido ao estado de putrefação em que se encontram algumas das mais visíveis instituições políticas nacionais. Doutrina, formulação, concepção e ideário político são coisas cada vez mais secundarizadas nos dias de hoje, época em que impera o vale tudo e muitos Governantes não se sentem sequer compromissados com a sociedade e muito menos com o povo.
Sem dúvida alguma essa fundamentação se deve à vontade política e a experiência de Anthony Garotinho, que, vindo de longe, sabe muito bem o quão importante é a capacidade de formular para um partido que pretenda representar, de verdade, os sentimentos de um povo.
Pensar o Brasil e formular as soluções para seus grandiosos problemas é algo infinitamente mais importante do que seguir o rumo da correnteza e tentar, na medida do possível, se beneficiar delas, como fazem boa parte dos partidos que nascem e morrem a cada eleição.
Garotinho, quando apresenta uma fundamentação política e doutrinária para o PR está na verdade mandando um recado. Está dizendo à todos, sociedade e povo brasileiro, que a coisa é séria. Que o PR vem, ou pelo menos pretende vir, de forma definitiva, para representar os interesses daqueles que ainda acreditam na construção de uma grande nação brasileira. Não por acaso, à partir do Rio de Janeiro.
O próprio Platão certamente estaria satisfeito, se ainda estivesse entre nós, ao ver seus conceitos, estabelecidos na Grécia antiga, sendo estudados e postos em prática nos dias de hoje.


Vicente Portella