sábado, 17 de outubro de 2009

Política com P maiúsculo

Garotinho deu uma aula, no meio desta semana, de como se faz política com "P" maiúsculo. Em reunião de 2 horas com o Presidente do PT, Ricardo Benzoini, os dois líderes apararam todas as arestas.
Nunca é demais lembrar todos os atropelos praticados pelo Governo Federal que acabaram gerando um clima insustentável entre Garotinho e Lula, levando então ao rompimento político.
Em 2002, candidato a Presidente da República, Garotinho obteve mais de 15 milhões de votos, sendo que, no Rio de Janeiro, Estado que Governou e onde alcançou 90% de aprovação, sua votação foi maior do que a do Presidente eleito.
No segundo turno Garotinho foi para a TV e para os palanques pedir votos para Lula e no final das contas, com o apoio de Garotinho no RJ, o Presidente foi eleito com mais de 80% dos votos do Estado. Além de dar essa votação histórica a Lula, Garotinho elegeu Rosinha, sua mulher, ainda no primeiro turno, como Governadora do Rio de Janeiro.
Ao invés de ser tratado como aliado, no entanto, logo após à posse de Lula, Garotinho foi duramente perseguido pelo Governo Federal, que fez de tudo para inviabilizar o Governo de Rosinha.
O Estado do Rio era Governado no fim de 2002 por Benedita da Silva, vice de Garotinho e quadro histórico do PT, que deixou os Estado em petição de miséria, repassando para Rosinha praticamente uma massa falida. Entre outras coisas haviam dívidas com a união não honradas em 9 meses de mandato pela Governadora Petista, dívidas estas que seriam herdadas por Rosinha.
Ocorre que no período entre a vitória de Lula e a posse dos eleitos, Garotinho, convidado a participar do Governo Lula, declinou do convite para ser Ministro dos transportes. Segundo o próprio ex Governador, optou por contar como apoio do Governo federal para para que Rosinha, viesse a fazer o Governo que os Cariocas e Fluminenses almejavam.
Eis que de repente, não mais que de repente, o "Grão Vizir" José Dirceu, que na época se achava mais importante do que o próprio Presidente da República, fez uma leitura muito particular e completamente distorcida do processo político que se desenhava e mandou seus asseclas e cambonos boicotarem ao máximo o Governo de Rosinha Garotinho.
De fato, já no primeiro dia de Governo, Rosinha teve todos o dinheiro do Estado confiscado, bloqueado pelo Governo Federal por conta de dívidas que Benedita da Silva havia deixado de pagar. Nem mesmo o décimo terceiro dos funcionários do Estado foi pago pela ex- governadora Benedita. Na cabeça de José Dirceu o sucesso de Rosinha poderia significar uma ameaça futura a Lula, que acabava de tomar posse.
Apesar de tudo pode-se dizer tranquilamente que Rosinha fez um Governo heróico, digno dos grandes Estadistas, pois conseguiu superar todas as adversidades impostas pelo boicote e ainda no primeiro ano de Governo pôs as contas praticamente em dia, mas as condições políticas de relacionamento entre os Garotinhos e o Governo federal estavam definitivamente azedadas.
Na prática, Zé Dirceu havia tratado um companheiro histórico de lutas políticas como o pior dos inimigos - O primeiro partido de Garotinho foi o PT, legenda pela qual ja tinha sido o candidato a Vereador mais votado de Campos na década de 80, não tendo sido eleito por que o PT nã fez legenda.
O tempo, no entanto, como se diz popularmente, é o senhor da razão. Hoje, cassado por corrupção e sem o poder de boicotar aliados do Presidente como fazia antes, Zé Dirceu não pode mais impedir o avanço natural das alianças políticas entre líderes progressistas, e Garotinho, mesmo estando a sete anos fora do poder, ainda representa no Rio de janeiro o que há de mais avançado em termos de atuação política e social, sendo a maior liderança do Estado.
Garotinho e Lula, através da candidatura de Dilma, estarão novamente no mesmo palanque, trabalhando pelo desenvolvimento do Rio de janeiro e seu povo.
Só os grandes Estadistas são capazes de superar todas as diferenças em nome de um bem maior: O interesse popular.
Garotinho certamente está entre os grandes líderes do cenário político brasileiro. Seus gestos provam isso. Garotinho faz política com "P" maiúsculo.

Vicente Portella

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